Entrevista
Fernanda Damiani
Sócia-diretora da Muttare Consultoria de Gestão
A psicóloga Fernanda Damiani é especialista em Gestão Estratégica de Pessoas e Dinâmica de Grupo. Com MBA em Gestão Empresarial, foi gerente de RH do grupo RBS por oito anos. Ela palestrou no Festival da Transformação — FT18, um dos principais eventos de conteúdo do Brasil, ocorrido na capital gaúcha em novembro.
Qual a resistência ou crença mais difícil de ser derrubada nas empresas para que elas possam sobreviver no mercado?
FERNANDA DAMIANI – São aquelas crenças que levam à necessidade de controle e comando dentro das empresas, especialmente daqueles que estão à frente da sua gestão. Cada vez mais as empresas sentem a incerteza, complexidade e ambiguidade do mercado e a velocidade com que o mundo se transforma, e isso exige pessoas e equipes capazes de responder a tudo isso nos diferentes níveis da empresa, equipes autônomas com capacidade de responder de forma ágil e com maestria as demandas dos clientes e mercado. No entanto, essa condição não é construída em ambientes centrados no comando e controle.
Qual é o ambiente que o líder tem que criar nas empresas para que elas estejam preparadas para o futuro?
FERNANDA – Primeiramente um ambiente de confiança. As pessoas experimentam o novo, arriscam, erram e aprendem com os erros quando se sentem livres e seguras para isso. E sabemos que é a partir da experimentação de algo que nunca foi feito que a inovação acontece. Sem inovação não existe futuro!
Alguns teóricos defendem a adoção de um não modelo de gestão, mais flexível e adaptável às mudanças. Qual a sua análise?
FERNANDA – Essa referência do não modelo foi muito explorada pelo Spotify quando referiu que não tinha um modelo de inovação de negócio, pois o modelo se transformava à medida que as necessidades de negócios evoluíam e o aprendizado de novas capacidades acontecia. Por isso, se fala em modelos mais adaptáveis nos quais as empresas criam a condição de responder eficazmente ao ambiente em que estão inseridas, independentemente das mudanças que nele ocorram. E essa é uma capacidade essencial das empresas desenvolverem: o aprender permanente! E isso acontece por meio de um ciclo constante, não linear, de análise de problemas de negócio (reais causas), planejamento, execução, avaliação e aprendizado de novas capacidades.
Como transformar as diferenças de gaps geracionais em energia produtiva e criativa nas organizações?
FERNANDA – É preciso desenvolver na empresa a capacidade de aproveitar a diversidade dela, seja de gênero, de nacionalidade e de experiências, entre outras. No entanto, o que vemos é a tendência em definir como pensar ou fazer, matando a capacidade de inovar. Mudar isso demanda abertura e disponibilidade para utilizar as divergências para construir objetivos e causas comuns. A liderança tem papel fundamental, agindo como“arquiteto social”
Sindigraf Notícias — 271 / Janeiro / 2019