Ao contrário do que sugere o senso comum, a pandemia não trouxe o desafio de reinventar modelos de gestão de negócios e nem perfis de lideranças. A realidade é que a nova ordem no mundo corporativo reforçou a urgência para mudanças que há muito eram anunciadas – e colocou sob pressão aquelas empresas que resistiam em se adequar.
Valores como flexibilidade, adaptabilidade, liberdade para experimentação e aprendizado constante, colaboração, autogestão e estruturas centradas na confiança demonstram sua vital importância nos tempos atuais. Por outro lado, companhias que teimam em preservar uma cultura de prepotência, burocracia e desperdício têm sofrido para se manterem competitivas.
A novidade é que a pandemia trouxe um maior senso de urgência para a mudança, e a cultura da rigidez, do poder e do controle é uma barreira intransponível para a transformação. Empresas que não forem capazes de responder de forma ágil e consistente às necessidades do seu mercado, adaptando-se aos diferentes e complexos desafios que surgem a todo momento, correm grande risco de não se perpetuarem. E a liderança tem um papel fundamental nisso – para o bem ou para o mal.
O líder deve demonstrar às suas equipes o propósito e os objetivos da organização, criando a condição para que todos possam contribuir, e servir de referência para ajudá-los nesta missão. Mas a prática na maioria das companhias brasileiras é outra.
A Muttare tem uma pesquisa que envolve a avaliação de 4 mil executivos brasileiros, e os estilos predominantes são o modelador e o afiliativo. Isso significa que estamos mais propensos a criar clones e sermos complacentes com baixo desempenho do que estimular a inovação e aumentar a produtividade. É um exemplo dos problemas da perpetuação das estruturas de poder dentro das empresas. O cargo que alguém ocupa ainda é o que mostra o seu valor – e leva os líderes a imporem sua visão sobre o resto da equipe, muitas vezes de forma nada assertiva e nem relacionada aos objetivos do negócio.
Um time se forma quando todos se sentem aceitos e são incluídos, quando todos têm espaço para contribuição (ou seja, são ouvidos) e participam das decisões, quando todos sentem-se pertencentes a algo maior. Um líder visionário, participativo e coach tem comportamentos que criam essa condição.
Quando olhamos para os indicadores de produtividade do Brasil em comparação com outros países, é evidente a nossa baixa competitividade. Isso impacta na nossa relevância e competitividade no cenário mundial. A falta de liderança nas diferentes esferas da nossa sociedade tem uma relação direta com esse resultado. É preciso que nós, executivos, empreendedores, profissionais que atuam com Desenvolvimento Humano nas empresas, desenvolvamos uma liderança que contribua para a mudança desse cenário.