Não é possível não nos comunicarmos. Uma pessoa sentada, quieta, com fone de ouvidos em um aeroporto está se comunicando. Um executivo em silêncio em uma reunião está também se comunicando, assim como um prolixo. O ser humano manifesta 70% de sua comunicação de forma não-verbal – o que significa que nem sempre esta comunicação é linear e óbvia.
Quem não ficou chocado com o comportamento da Carol Conká, participante eliminada do Big Brother Brasil? Ela se comunicou bem? Claro que sim! Assim como se comunicava bem antes de entrar no BBB. O que a audiência experimentou foi a “dor” da incoerência entre discurso e comportamento da Carol antes e durante o programa.
Vivenciamos casos semelhantes a todo o momento. Uma vez, eu estava indo para Campo Grande (MS) entregar um trabalho para um cliente e, antes de eu embarcar, um grupo de amigos no WhatsApp estava postando assuntos engraçados – o que adoro, porque a espera no aeroporto é um sofrimento. Enfim, embarquei, desliguei o celular e horas depois, quando o liguei novamente, o grupo tinha se desfeito por conta de uma discussão política. Os que discutiram nunca mais se falaram, e os coadjuvantes (eu inclusive), depois de muita negociação, concluíram que teríamos que teriam de ser adaptáveis dali para frente em momentos de confraternização, por exemplo. Ou seja, dependendo do grupo envolvido na festa, o outro ficaria de fora.
Como minimizar situações como esta? Listei três passos que podem ser essenciais.
- Aprenda a descrever a situação que você viu ou esteve envolvido com um olhar neutro. Lembre-se que o que você observa está cheio de filtros aprendidos ao longo da vida. Que tal se colocar no lugar de uma criança pequena e se perguntar: qual a reação eu teria agora sem os “vícios” na minha percepção.
- Saiba lidar com a emoção que te causou. Não a evite se for negativa, e não a expresse se for positiva. Emoções, precisamos manejá-las com consciência. Ou seja, qualifique suas emoções, e não a atitude alheia.
- Decida o que fazer com o que viu e o que está sentindo. Vou comentar com minha amiga? Vou falar diretamente a pessoa e dizer como percebi sua atitude? Como farei isso? Lembre-se: ser autêntico não é “sincericídio”.
Sabendo descrever, dar o nome às suas emoções, decidir a melhor forma de atuar e agir é o começo para minimizar ruídos de comunicação. Você pode ter as melhores ferramentas de comunicação, mas sem esta conscientização, até a melhor ferramenta se torna irrelevante. E isto pode acontecer online e offline.
Quem quiser se aprofundar no tema pode dar uma conferida nessas dicas de leitura: o Ciclo ORJI (Observação, Reação, Julgamento e Intervenção), de Edgar Schein, e Comunicação Não-Violenta, de Marshall Rosenberg.
Roberta Ebina, sócia diretora da Muttare Consultoria