Espera-se para 2015 um ano permeado de muitos desafios no campo político e econômico. Parece ser senso comum entre economistas e principais executivos das empresas que o Brasil precisa passar por ajustes para que volte a encontrar o caminho da economia de mercado, da transparência, das regras claras e respeitadas, da estabilidade econômica e do crescimento. Também é senso comum que se esses ajustes não forem realizados pelo governo que recentemente se reelegeu acabará sendo realizado pelo mercado, trazendo, dessa forma, impactos ainda mais significativos para as empresas.
Como se posicionar frente a esta realidade? Em um evento da Revista Amanhã – GRANDES & LÍDERES – 500 Maiores do Sul realizaram entrevista com sete lideres de empresas e perguntaram o que fazer para enfrentar os desafios em 2015. Interessante notar que a maioria dos principais executivos entrevistados deu como resposta: “ajustar a empresa em termos de controles de gastos e despesas, os investimento irão ficar no aguardo de uma definição maior, redução drástica no custo operacional e fixo para nos deixar mais competitivo para enfrentar as dificuldades de 2015 e quem sabe de 2016, arrochar em todos os sentidos, boa dose de precaução em todas as decisões daqui pra frente, controle de custo é muito importante, defender o caixa, ajustar os custos para um mercado mais apertado ainda, trabalhar com estrutura enxuta com custos reduzidos, apertar o cinto”.
Num mundo sem equilíbrio, sem previsibilidade e em constante transformação, como afirma Margaret Wheatley em Liderança e a nova ciência – “…o mundo que habitamos coevolui à medida que nos relacionamos com ele. Esse mundo não pode ser fixado, está em constante mudança e é infinitamente mais interessante que do que podemos imaginar” – fazem com que as organizações busquem encontrar novas respostas para os problemas que batem a sua porta, como por exemplo: “Estamos preparados para crescer na turbulência?”. Não se incomode, mas vou me permitir enfatizar: novas respostas precisam ser elaboradas! Não que controlar despesas, ajustar a empresa, reduzir custo operacional, defender o caixa, etc, etc, etc, não sejam importantes medidas, mas elas são simplesmente, mais do mesmo, nada inovador. A questão aqui é que essas, na realidade, são respostas velhas para perguntas novas que emergem a partir de desafios difíceis de dimensionar. A questão é que muitas vezes esse aperto no orçamento inibe iniciativas importantes, mata a criatividade das pessoas, impede que oportunidades de mercado sejam capturadas, limita as iniciativas de desenvolvimento das equipes, não dá espaço para a inovação, etc. Quando veremos mais empresas com a disposição de fazer diferente?
É preciso ir além. As organizações devem se tornar tão adaptáveis e resilientes assim como buscam ser eficientes, devem aprender a inovar com ousadia e incessantemente, precisam encontrar novas maneiras de libertar e inspirar as pessoas a contribuir plenamente com sua iniciativa, imaginação e paixão todos os dias, as organizações precisam ser conduzidas por um elevado senso de suas obrigações sociais e ambientais, entender que não necessariamente um precisa perder para outro ganhar e acreditar numa relação onde todos ganham, acreditar na crescente busca da cooperação, nas novas formas de criar que estão sendo estabelecidas à medida em que as organizações passam a olhar para além das suas fronteiras e incluem todos os stakeholders em processos criativos, na busca de ambientes de trabalho que ofereçam autonomia, propósito, aprendizagem, felicidade, num lugar em que as pessoas possam utilizar todo o seu potencial.
Mas para criar uma nova realidade dentro das organizações como a descrita no parágrafo anterior é preciso olhar para o atual modelo de gestão baseado na hierarquia e no comando e controle e permitir-se pensar em novos modelos capazes de responder mais assertivamente as novas questões que surgem. O controle é algo que aprisiona e queremos que as pessoas inovem – Como se algo ou pessoa inibe o outro? O comando hierárquico olha de cima para baixo e não funciona como cadeia de ajuda e desenvolvimento das pessoas, outra restrição. Será que não temos que ao perceber que o mundo muda a cada novo olhar não teremos que desenvolver formas mais adaptáveis e flexíveis de gestão? De fato, existem empresas fazendo isso e experimentando uma nova forma de fazer as coisas, se organizando de um jeito diferente e encontrando novas respostas, tratando gente como gente, como ser humano e não apenas como recurso humano. Permita-se pensar em novos modelos de gestão e encontrar novas respostas. Como certa vez Tom Peters, especialista em gestão e autor de vários livros, comentou: “Não sei se é possível. O que eu sei: É necessário”.
Roberto Ebina – sócio fundador da Muttare Consultoria – e Eduardo Vargas