Uma das grandes conclusões que se pode tirar da última NRF de Nova York, presente na maioria das apresentações diz respeito ao consumidor e o que ele está buscando como uma tendência que influencia o mercado de maneira geral. –
“O consumidor quer se relacionar com as empresas consistentes com o seu propósito, a sua essência. Ele se engaja com esta marca a partir do momento que percebe que os funcionários praticam o propósito da marca. O propósito da marca deve ser algo que contribua para um mundo melhor”!
Esta constatação não é nova. Ela faz parte de um movimento que lentamente está abrindo espaço e gerando diferentes alternativas no modo de viver e interagir com o mundo em que vive. É a tendência forte da geração millennials que não está preocupada em consumir um produto, mas, saber da sua origem, mecanismos de produção e qual a relação que a marca do produto tem com o mundo, com os clientes, fornecedores e com as pessoas que nela trabalham.
De outro ângulo, observamos que ainda predomina no mundo organizações cujo foco central, cujo objetivo maior está na obtenção de resultados, especialmente as organizações listadas em Bolsa de Valores que devem publicar um relatório trimestral indicando sua situação ao mundo.
O movimento dos millennials ainda é incipiente, mas, as vozes já começam a se fazer presente em diferentes fóruns e encontros de profissionais.
Um outro movimento que vemos como tendência é a preocupação com a ética e a vida. A ética nos negócios e a valorização da vida em primeiro plano porque afinal tudo que é gerado neste mundo é feito essencialmente por pessoas.
A ética nos últimos tempos tem sido maculada por uma série de escândalos financeiros em diferentes partes do mundo e particularmente no Brasil. Aqui, a questão é mais profunda porque não depende de leis. Se olharmos para o conjunto de leis a respeito que temos no Brasil veremos que elas não impedem a prática do delito e, talvez aqui se polemize, até se incentive a questão da impunidade! O que de fato precisa acontecer é uma mudança de dentro para fora das pessoas, segunda a máxima proferida por Ghandi, – “seja você a mudança que você quer ver espelhada no mundo”. Se as pessoas em si não começarem a fazer práticas mais éticas e que vão, muitas vezes, de um simples não querer levar vantagem na fila do supermercado para um questionamento do que é justo na medida de cada um, não creio ser possível gerar uma predominância ética. Ao olhar os japoneses na última copa recolhendo todo o lixo que haviam produzido dentro do estádio e colocando-os em sacolas para deixar limpo o local que estavam, podemos perceber que é uma prática que eles trazem do próprio país onde vivem. O curioso é que admiramos esta atitude e o que de fato fazemos para ampliar o efeito disso? Sim, há muito por fazer! Será que este movimento não pode ser alimentado por todas as organizações, instituições, órgãos públicos, cidadãos? É claro que sim! Não precisamos de ninguém nos dizendo o que devemos fazer. O certo é sempre certo e o errado é sempre errado! Sabemos a diferença? Vamos para a prática. Uma atitude que cada um de nós pode tomar no seu dia a dia. Mude você primeiro antes de exigir que o mundo se transforme!
E a vida nas organizações precisa passar pela solução da equação de que trabalhamos para viver ou vivemos para trabalhar? O ambiente organizacional ainda carece de uma reflexão profunda e que seja possível tornar real e verdadeiro a prática dos valores e propósito organizacional. Ampliar a contribuição e a colaboração como fundamento das relações transparentes e verdadeiras onde as pessoas possam se sentir elas mesmas no ambiente, onde o diálogo seja aberto e construtivo e o atendimento à necessidade que as pessoas têm de fazer parte seja considerado e efetivo.
Tenho tido nas minhas relações com diferentes profissionais contribuições significativas sobre como as pessoas se sentem dentro das organizações nas quais trabalham. Sou bom ouvinte! Afinal, de cada relato há sempre a colocação de uma questão fundamental. E qual é a razão de você permanecer onde você está se submetendo a uma coisa que você não concorda e que te causa danos? As respostas, considerando suas variantes, passa pela necessidade de prover o leite das crianças. Pequeno isso, não é fato? Acima de tudo está algo que precisa se tornar vivo na organização. Fazer com que tudo aquilo que ela prega para a sociedade seja de fato praticado pelas pessoas que lá trabalham dentro ou fora da organização. Se isto ocorre, sem dúvida alguma, nós teríamos uma visão de valores e propósito mais próximo de uma realidade social melhor preparada.
A Muttare uma empresa de consultoria que foi criada em 2002 é hoje uma associação de consultores que praticam uma linha de pensamento que vai ao encontro ao que esta sendo colocado neste texto. Há tempos ela vem debatendo com empresários, executivos, acadêmicos e academia, cidadãos e estudantes no sentido da mudança requerida. Ela acredita que libertar e inspirar pessoas para transformar organizações que contribuam para um mundo justo e sustentável é o seu grande propósito e suas experiências neste campo têm demonstrado que, quando a comunhão destes fatores se conjuga é sempre possível obter um melhor resultado em que todos ganham: o colaborador, o fornecedor, o cliente, a sociedade e o acionista, nesta ordem! A pergunta que todos os empreendedores devem fazer com relação ao seu negócio é a mesma que cada pessoa deve fazer a si mesma, afinal, para que eu estou neste mundo? Começa aqui o desafio de se pensar no propósito maior que a simples geração ou garantia de emprego.